Em Eclesiastes, o sábio diz: “Ninguém lembra do passado que aconteceu. Quem vier depois das coisas que vão acontecer no futuro também não vai lembrar delas”. Quando leio esse trecho profético e o transponho para o contexto profissional em que atuo, observo que é a fala permanece atual e repleta de sentido.
Anos se passam e as não conformidades ocorridas no transporte rodoviário de cargas continuam as mesmas. Os roubos e os furtos permanecem com acidentes e avarias ainda consequentes da mesma natureza causal. Mas o mercado cresce, se especializa e sabemos que, para acompanhá-lo precisamos melhorar.
Nesta análise temporal, observo também a quantidade de profissionais que chegam e saem, assim como de processos que começam e “findam” sem que seus resultados tenham sido efetivamente monitorados em prol de melhorias. O que quero dizer com isso? Que buscamos alcançar resultados diferentes, mas ainda cometemos as falhas de sempre.
Basicamente, sempre tratamos de dois tipos de problemas: as severidades e as frequências. As primeiras são causas sobre as quais infelizmente não temos muita ação sobre, mas, quanto às frequências, essas devem e podem ser fortemente combatidas por terem como causa o fator humano. E, o mais grave: muitas vezes, a falha é repetida pela mesma pessoa que já causou tantas outras e nenhuma das partes foi enérgica o suficiente para dizer: “Aqui, não aceitamos mais erros como este”.
Muitos se esforçam com a implantação de novos processos preventivos, investem em treinamentos com o propósito de conscientizar o ser humano, mas este ainda representa as principais causas dos prejuízos ocasionados no setor, sejam de cunho financeiro ou operacional.
Venho refletindo intensamente para encontrar uma forma de transformar esse cenário mas, ao final, sempre chego à mesma conclusão: a mudança de postura deve ser top-down. Afinal, estamos falando de inspiração e esta qualidade está diretamente relacionada à liderança. Enquanto a quebra de políticas for permitida, não veremos melhorias pessoais e operacionais em nenhuma área do segmento.
Precisamos de atitudes firmes do setor de transporte quanto à exigência do cumprimento das regras. E isso vale para todos os players da cadeia de transporte rodoviário de cargas. Caso contrário, não veremos tão cedo o progresso que tanto almejamos no segmento.
A reflexão aqui é para provocar o pensamento de até onde iremos permitir que continuemos dormindo e acordando sem tomar novas atitudes que possam melhorar o hoje e fazer nascer a esperança de um amanhã mais frutífero. Precisamos de uma nova postura para a prevenção já!
Eduardo Muniz Fundador da SAFETY Insurance, sua consultoria em seguros
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